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segunda-feira, 31 de maio de 2010

A segunda letra - por Clara Arôxa

Desamores, Eduardo Baszczyn

Uma falta de ar e duas ou três lágrimas que não ousaram descer. Foi assim que terminei as últimas páginas de Desamores, de Eduardo Baszczyn. Visivelmente influenciado por Caio Fernando Abreu e por uma realidade que dispensa os finais felizes, Eduardo avança no cotidiano, sem a menor preocupação com o bem estar do leitor, para contar a história de três casais tipicamente humanos, atormentados pela eternidade. O sempre é encarado ora como elemento destruidor e ideia ilusória de felicidade, ora como necessidade vital daqueles que se arriscam nessa coisa que se chama amor.
Desamores é um nó na garganta, aquele choro preso de histórias que não se concluíram. As dúvidas que não somem na mesa do bar e nem naquela cama desconhecida. É “como se estivéssemos largado a torneira aberta. Por dias. ”, segundo o autor. Ana é, no final das contas, uma pergunta sem resposta. Caio é uma esperança que não desce tão macio goela abaixo. Bárbara é um futuro irritante. Júlia é uma ferida daquelas que latejam sem hora pra terminar. Bruno é um medo. Danilo a bagagem que sempre está por perto. De repente, todos os sentimentos se misturam e, a cada novo capítulo, ninguém sai alheio ao vazio. O tão temido vazio que invade os seres que desejam não ser tão humanos.

Baszczyn consegue, ao longo da leitura, prezar pela simplicidade dos fatos, da linguagem. Não há metáforas geniais, nem descobertas de estética. Apenas a terrível simplicidade dos fatos, a noção exata do desencontro – em todas as instâncias. Irritam os diálogos de Ana e Bárbara, a fragilidade emocional alheia, as atitudes impensadas dos relacionamentos, o pause que é impossível dar na vida. Irrita como é possível adentrar no meio das páginas e dizer: se eu tivesse feito aquilo, se tivesse dado aquele beijo. Irritam as lembranças que se embaraçam as letras. No final, sobram os desamores.

A leitura é rápida, algumas horas, sem interrupção é o que o livro te toma. Sair imune a ele é difícil. No mais, garçon, a conta, por favor.



Eduardo Baszczyn é jornalista, mora em São Paulo e escreve no blog Coisas da Gaveta.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Teatro de Quinta - por Sidmar Gianette

Sobre nossos “tortos” corações.
(Para ler escutando David Bowie da década de 60)


Conforme prometi na semana passada para meus leitores e para Giordano, autor da peça, o assunto desta quinta é “Um Torto”, peça apresentada como projeto paralelo do Grupo Magiluth na programação do Festival Palco Giratório. Segundo as palavras do próprio autor, esta peça não é classificada como um drama ou uma comédia (embora alcance pontos dos dois gêneros), mas sim como reality show. O que isso significa? Quer dizer que boa parte do que se vê e se ouve no espetáculo é real, ou um real maquiado, como nos BBB's. É Giordano Bruno expondo para a platéia seu coração brega de luzinhas vermelhas piscando, seus gostos e sua maneira de ser, de interpretar as coisas do mundo, assumindo suas imaturidades, seu romantismo, sua espontaneidade, seu inacabamento e sua vontade de viver. Isso pode parecer a alguns como uma porção egocêntrica do artista, e é, mas também não é só isso. O que vi no SESC de Santo Amaro semana passada foi um dos melhores exemplos do que mais creio como convincente num ator em cena, uma exposição dilacerante, um matar ou morrer de si mesmo, remontando àquele papel do ator cristão na Arena Romana, lutando por si mesmo por sua própria vida contra os leões esfomeados que o cercam. A platéia nesse caso são os leões, que durante a hora e pouca na qual o espetáculo se desenrola, vai sendo domada por vários fatores, sejam alguns aspectos que soam inovadores na peça, seja a narrativa bem construída e entrecortada, ou pelo time perfeito de cena, ou simplesmente por se reconhecer e compartilhar, e compadecer-se com alguns aspectos da angústia pessoal do ator. “Um Torto” tem seu tema no amor, nos relacionamentos amorosos, ou melhor, na sensação que fica com o fim destes. Talvez quem não tenha passado por este momento na vida, o da separação dolorosa e consciência do fim de planos feitos a dois e o retorno à condição de existência solitária, não se comova em nada com a peça, apesar deste ser um tema também bastante explorado por folhetins melodramáticos das seis ou das oito. Mas o que garante que o intérprete dessa peça ultrapasse essa categoria de melodrama para criar com o público uma relação de cumplicidade, é principalmente a maneira como ele compartilha objetos comuns, aqueles restos de poemas, músicas e presentes que retomam a presença do ser amado no fim de uma relação. Exemplificando melhor, o que pode trazer você para a mão de Giordano durante a peça pode ser, a canção de David Bowie cantada sem sentido, mas que faz todo o sentido na sua vida, o fato de você também gostar de sexo quando acorda, ou de escovar os dentes e tomar água gelada, ou de você também ter uma mãe que não te entende mas que te apóia, ou qualquer outra bobagem de nossas vidas que ganha um sentido ampliado quando exposto no palco. Talvez no meu caso tenha sido Starman do Bowie, ou o fato de já ter pedido muitas vezes perdão a uma namorada por algo que eu tenha feito bêbado, e não ter sido perdoado, pode ter sido a Dory de “Procurando Nemo”, mas de qualquer maneira, a peça me pegou, e a boa parte da platéia presente, pela sensação de partilha de várias coisas que compõe o modo de ser e de amar da nossa geração.
Este primeiro ponto diz como podemos pegar coisas do nosso cotidiano e transformá-las em símbolos universais que garantem à peça uma comunicação com todos. Mas outros fatores também chamam a atenção na montagem. Quando se chega ao teatro, o ator encontra-se bem tranqüilo, ele mesmo conversando com a platéia, distribuindo balões vermelhos que serão utilizados em algum momento da peça. Isto já assegura uma promessa de interação com o público que marca o espetáculo. Mesmo que essa interação não se desenvolva a pontos extremos, por opção do autor, garante já aquela idéia de cumplicidade apresentada no primeiro parágrafo. Outra coisa que parte desta interatividade e que transforma o espetáculo é a divisão do espaço. O palco é dividido em 5 áreas que denotam sentido à cena. São os espaços caracterizados como dentro, fora, coração, cover e espaço de exposição. O que acontece é que essas áreas estão desenhadas no chão, mas não definidas como tal, sendo acordadas com a platéia antes do início do espetáculo e demarcadas por objetos simples que as caracterizam: uma placa de saída no espaço de fora, o dito coração de plástico com pisca-pisca vermelho no espaço coração, um cubo de baixo, o microfone e o setlist no espaço cover e assim por diante. Conforme a platéia vai dizendo, aqui, ali, ou acolá, o intérprete vai organizando o palco. Isso garante de certa forma o frescor e a espontaneidade que a peça precisa para funcionar, dado que o ator não sabe de início para onde deve se locomover durante a representação. Parece em certos momentos improvisado, que Giordano vai descobrindo para onde deve ir de acordo com a evolução de seus sentimentos e sua capacidade de expor os mesmos. Dá um ar à peça de que qualquer coisa pode acontecer, e que se o hipócrita cretino que está em cena quiser abandonar o palco e for para o camarim porque não agüenta mais aquela situação, pode acontecer. Mas não é. O trabalho é muito bem ensaiado e apresentado com muita propriedade e segurança. A dramaturgia chama a atenção pela maneira como é construída de passagens soltas e que vão se juntando para formar a trama que nos envolve. Mas pessoalmente, o ponto alto da peça é a já dita, capacidade de dilaceramento próprio que o autor nos demonstra. Giordano parte da futilidade banal quase cômica do nosso dia-a-dia até pontos de desespero e angústia que nos levam até a chorar no fim do espetáculo. É a chamada crueldade do teatro que nos é apresentada neste ponto. Como Artaud nos chamando a um teatro que expõe o “paroxismo dos pestilentos que não aguentam mais a dor de viver e se jogam nas fogueiras da cidade”. No caso dessa peça, é o do ser humano que precisa expor seus sentimentos para o mundo, por mais frágil e indefeso que vá ficar depois disso. É uma necessidade que comunga com a necessidade de grandes artistas como Van Gogh e o próprio Artaud de criar independentemente de como sua sociedade julga suas obras, de criar porque é a motriz que os mantém vivos. E é nessa necessidade de si mesmo que Giordano abre seu coração e o entrega a nós, e faz com que nos sintamos iguais ao fim do espetáculo, de alma lavada, porque no tempo do espetáculo assumimos que nosso egoísmo é em parte o que nos une, o que nos dá graça e o que garante que nossas vidas não sejam uma linha reta, mas uma linha torta e bem tramada. Expõe-nos a necessidade de viver como um romance, de errar e continuar errando, contanto que sejamos sinceros com nós mesmos e com o mundo.
Se você não estava lá, e não está naquela fase terrível de depressão que sucede o fim de um relacionamento, ou se está, mas de repente não tem medo de sentir vontade de se matar, assista “Um Torto” no Centro Cultural dos Correios, antes do dia dos namorados e antes da copa, nos dias 28, 29 e 30 de maio e 4, 5 e 6 de junho, ás 19 horas, e sinta que você não está só no mundo com seus discos de Chico Buarque e do Los Hermanos.

Serviço

Um Torto
Centro Cultural dos Correios - Recife Antigo
de 28/05 a 06/06
Sextas e Sábados às 20h
Domingos às 19h
Ingressos: 12 reais (inteira) / 6 reais (meia entrada)

Mais Informações: 8799-7942
www.grupomagiluth.com.br
www.grupomagiluth.blogspot.com

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Curta no Quarto às Quartas - por Alex Guterres

Hoje em cartaz: Conceição

O curta Conceição é uma das primeiras experiências cinematográficas do já consagrado diretor pernambucano Heitor Dhalia (O cheiro do ralo). O roteiro é baseado num conto do meu querido professor Wilson Freire e tem no elenco figuras clássicas da cidade, como Roger, Aramis trindade e o Cláudio Assis, que é bem mais conhecido como o diretor de filmes como Amarelo manga e Baixio das bestas. Conceição é a cara do Recife e é um dos curtas que ajudaram a concretizar o novo estilo pernambucano de fazer cinema. Se é Árido Movie ou não, aí já é outra história.

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CONCEIÇÃO

Gênero: Ficção
Diretor: Heitor Dhalia, Renato Ciasca
Ano: 1999
Duração: 17 min
Cor: Colorido
Bitola: 35mm
País: Brasil
Local de Produção: PE
Elenco Aramis Trindade, Cláudio Assis, Magdale Alves, Mônica Pantoja


terça-feira, 25 de maio de 2010

Música antes da Quarta - por Zeca Viana

Zeca Viana entrevista Guilherme Arantes


Nem tenho o que dizer sobre Guilherme Arantes, é uma das minhas maiores influências. Tive a oportunidade de conhece-lo aqui em São Paulo na ocasião num pocket show no shopping Cidade Jardim. É um cara tranquilão, gente boa e gosta de contar histórias. Guilherme Arantes, para quem não conhece bem, é muito mais do que um hit maker de novelas. Com espírito contestador e opiniões polêmicas, sempre foi contra a forma das gravadoras trabalharem.
Já tem mais de 25 discos na carreira, já demonstrou sua versatilidade em várias composições desde o Moto Perpétuo (banda de rock progressivo dos anos 70, do qual foi líder), passando pelos seus primeiros discos solo, fazendo sons de bossa nova (com elogios de Tom Jobim) e até gravou sons new age.

Ele está na ativa com disco novo, acabou de assinar novamente com a Som Livre, tá com site novo também, agenda de shows cheia (quem estiver aqui em Sampa é só se ligar na programação do bar Brahma no centro) e com sua produtora Coaxo do Sapo produzindo bastante. Pedro Arantes, seu filho, é produtor musical, e juntos eles vêm desenvolvendo um trabalho de formação mesmo, de uma nova forma de encarar o mercado brasileiro.

Então é isso, queria agradecer ao Pedro Arantes pela parceria ideológica e ao Guilherme Arantes pela oportunidade. Com vocês Guilherme Arantes!
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Qual a tua memória musical mais remota?

Do Ray Charles, cantando "I Can´t Stop Lovin´You" e da Celly Campello cantando "Banho de Lua". Também de meu pai, grande médico e músico amador, que tocava muito bem violão, cavaquinho e bandolim, de ouvido...

E o Moto Perpétuo, do que você lembra?

O Moto Perpétuo foi uma banda antológica, de grandes músicos, que eu tenho um orgulho imenso de ter sido mais que um membro, mas o líder. É um trabalho a ser retomado, a qualquer tempo, pois é atemporal.

Beatles foi uma grande influência pra você, quais outras bandas você curte?

O Captain Beyond é a maior delas - talvez a banda mais fantástica que jamais existiu, formada por ex-membros do Iron Butterfly ( o baixista , Lee Dorman ), do Deep Purple ( o primeiro vocalista Rod Evans ) e mais os guitarristas Rhino e especialmente o gênio Larry Reinhardt, sem falar no baterista inigualável Bobby Caldwell, um capítulo à parte... .

Nunca houve nada igual. Ponto final. O resto, é o resto.

Nunca obteve êxito, principalmente por ser banda californiana, numa cena totalmente dominada por britânicos. Aliás, a Inglaterra, ilha-mãe, também uma abominável-ilha-de-veados, foi autora das maiores injustiças com artistas fora-do-circuitinho-fashion que eles habilmente criaram.

Claro que adoro o Led, o Who, o Purple, o AC/DC, mas também o Dire Straits, todos os progressivos Yes, ELP, Le Orme (italiano), Faces/Rod Stewart, Gentle Giant, Donovan (muito Donovan !!!!), T-Rex , e tudo o mais que tenha órgão Hammond (Gainsbourg, Procol Harum, Aphrodite´s Child, etc..)

E essa loucura dos anos 80...

Ainda é uma loucura, quase inadministrável, mas enfim, para quem não é? Vamos em frente... Sem nos vender...

Como tá a música brasileira hoje, os novos artistas, as novas bandas, essa coisa toda...

Está uma bosta, pra falar a verdade, não sabem mais fazer hits. Nem mesmo fazer o mercado sabem mais. Só tem mulheres, que eram tabu, pois se antes só tinha sapatões e agora só tem divas-filhas-de-granfinos. Uma monotonia geral. Uma chatice. Ninguém estoura. Tudo meia-bomba que não vende porra nenhuma....
Vamos em breve fazer parte de mudar isso, quem sabe uma das maiores molas propulsoras...

Como é o lance da Coaxo do Sapo?

Olha, quero ser, no mínimo, um Aloysio de Oliveira, um Midani.
Só não quero assinar músicas que eu não compús, como certo produtor (o maior de todos) do Pop brasil, faz....

Guilherme, valeu pela breve conversa. Só para finalizar, o que você espera daqui pra frente nessa tua trajetória?

Espero deixar uma marca muito maior do que a minha fama, como cantor/compositor!
As pessoas ainda vão entender o que eu quero dizer!
Não nasci pra ser pequeno, e quero conhecer gente assim...
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Mais sobre Guilherme Arantes:
http://www.guilhermearantes.com.br/
http://www.coaxodosapo.com.br/

Mais sobre Zeca Viana:
Alguns sons: www.myspace.com/zecaviana
Desenhos e fotos: www.flickr.com/photos/zecaviana
Vídeo-arte/clipe: www.youtube.com/zecavianatv
Blog: http://zeca-viana.blogspot.com/

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A segunda letra - por Giovanna Guterres

Casório?! de Marian Keyes - Resumo e Crítica por Giovanna Guterres.


CASÓRIO!? Este livro de 644 páginas foi escrito por Marian Keyes, Irlandesa, que consegue escrever com muito bom humor, e descrever as complexas relações de trabalhadores de baixa renda que são imigrantes em Londres, o sofrimento em adaptar-se no gélido país, e as relações de amizade e cumplicidade que se desenvolvem em pubs, que é para onde a maioria dos imigrantes vão a fim de encontrar calor humano e identidade.
Pela capa e folha de rosto eu jamais compraria este livro, mas logo nas primeiras páginas me senti relaxada e rindo muito com as diversas situações descritas. Os personagens conseguem fazer de suas vidas uma aventura para escapar do frio e da melancolia, da falta de identificação com a cultura britânica e para lidar com as diferentes personalidades que as pessoas carregam em suas bagagens por serem quase sempre de culturas diversas. Pessoas que a Inglaterra acolhe e dá a oportunidade de emprego, moradia e para muitos uma qualidade de vida bem melhor do que as que tinham em seus países de origem.
Mudei de idéia:
Compraria sim este livro e recomendo a todos àqueles que se interessam pelo cotidiano nas diversas culturas existentes em nosso mundo, principalmente a de pessoas que sofrem por terem que enfrentar mudanças em suas vidas, fora de casa e longe de seus países de origem.
______________________________________________________________ Resumo:

Um escritório no centro de Londres. Uma Irlandesa que passou a vida querendo ser o melhor para sua mãe exigente e amarga que achava que o melhor nunca seria alcançado pela filha, muito menos pelo seu pai que ela tanto amava e que cresceu vendo-o ser humilhado e entupir-se de álcool para abstrair as agressões da esposa. Após se formar em secretariado para satisfazer a mãe, o melhor mesmo era sair de casa, arrumar um emprego dentro das qualificações que ela possuía e se livrar do massacre diário.
Lucy passa os seus dias todos iguais e previsíveis. Divide um apartamento alugado com duas amigas e odeia sua vida profissional. Encontrar-se a noite com suas amigas e tomam todas nos pubs do centro de Londres. Nos finais de semana mais bebedeira e festas. Suas amigas sempre arrumam companhia para o resto da noite, mas Lucy sempre volta só para casa. Então ela sai à procura de um filme numa locadora, compra uma garrafa de vinho e bastante chocolate para preencher o vazio. É quando suas amigas de escritório a convidam para ir a uma taróloga. É claro que Lucy não acredita em previsões do gênero, mas após a consulta não custa nada olhar mais para os lados, uma vez que a taróloga disse que o amor da sua vida está bem perto dela e ela não percebe. Sem contar que em breve ela estará casada. Na noite posterior à consulta, numa festa, ela conhece Gus, o cara que tem tudo que ela gosta, e ela acredita ser ele seu príncipe encantado: despojado, beberrão e bem humorado, Gus a faz feliz e explorada, mas a parte da exploração ela abstrai, afinal ele pode ser o homem da sua vida e não percebe ou não quer perceber o quanto ele é cafajeste.
Um dia sua mãe lhe procura e diz que não suporta mais as bebedeiras de seu querido pai e vai sair de casa. Gus some e como Lucy está totalmente desiludida resolve voltar para a casa dos pais e cuidar sozinha de seu pai. Aos poucos ela descobre o porquê de tanto altruísmo com os homens. Era a figura do pai que ela procurava neles. O seu pai é o retrato de tudo que ela viveu em sua vida amorosa. Totalmente irresponsável e egoísta e num alto grau de uma doença que ela desconhecia nele: o alcoolismo. Lucy perde todas as suas economias, sua liberdade e sua vida social tentando a todo custo salvar seu pai. É quando percebe o quanto ser livre e sem responsabilidades com suas amigas de escritório e em seu apartamento bagunçado lhe faz falta. As noites de farra acabaram.
Apenas um homem esteve o tempo todo ao seu lado: Daniel. Mas, namorar com ele estava fora de cogitação. Daniel era normal e formal demais para Lucy, e só era procurado por ela para salvá-la das trapalhadas em que ela se envolvia. Como homem, ele era um clichê de bom moço que não a atraía. Da sua amizade com Daniel e da sua influência sobre ela, ele consegue que Lucy tome as decisões mais importantes da sua vida: Rever a sua impaciência com a mãe, olhar de frente para o seu pai, e se olhar no espelho.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Teatro de Quinta - por Sidmar Gianette

Dos Porquês não fui ao protesto entre outras coisas.


Antes de entrar nesse assunto complicado, recomendo esta joinha rara vista ontem (quarta-feira). O espetáculo Um Torto de Giordano e Pedro:



Infelizmente não vou escrever sobre ele hoje. Preciso de mais tempo pra dissecar o coração de Giordano, aquele “torto cretino tentando ser espontâneo. A peça segue curta temporada nos dias 28, 29 e 30 de maio e 4, 5 e 6 de junho no Espaço Cultural dos Correios no Recife Antigo. Sinto que os grupos locais enfim designam uma geração, mas pode ser bondade e emotividade minhas.


Mas, quanto ao protesto, sinto dizer que a única causa que concordo inteiramente a ponto de ir às ruas por ela é a legalização da maconha. Admiro que os artistas de teatro no Recife enfim tenham unido-se, depois de tantos anos de cada um lutando por si, mas também acredito que repartido o bolo, como todos querem, cada um vai se deliciar sozinho com as migalhas que caírem. Acredito também que o espetáculo que Renato L. prometeu para 2011 já tem diretor e elenco definidos, e por mais que siga a política pública difundida desde Sandy no Marco Zero, de aproximar os globais (e principalmente os globais locais) da populaça, vai ser saudado e criticado e cair no esquecimento. Também porque nada tenho contra a Bibi Ferreira, quanto à ela preparar o espetáculo daqui na véspera e ao valor do cachê que é o “preço do projeto”. Para quem não sabe do que estou falando, falo do protesto realizado por artistas cênicos pernambucanos em frente ao Teatro de Santa Isabel na segunda-feira, 17 (veja os detalhes aqui).
Eu não sei também qual é o choque. O Santa Isabel sempre foi o lar do teatrão pernambucano. Nos últimos tempos (e vêm de antes da minha chegada a esta cidade em 1999) os nossos palcos podem ter sido o Waldemar de Oliveira, o Parque, o Barreto Júnior, o Armazém, o Apolo, o Hermilo, o finado CPT, mas nunca o teatrão do Campo das Princesas. E também custo a enumerar os espetáculos locais que trouxeram lucro a estes teatros. O Waldemar, o Armazém, os teatros privados da cidade quase fecharam as portas em alguns momentos de suas trajetórias por falta de espetáculos que levassem público aos mesmos. Por muito tempo desconfiei da solidez e validade de algumas propostas vigentes, e até bem pouco tempo atrás fazia parte do público pernambucano que sentia medo de sair para ir ao teatro e gastar num ingresso para uma coisa que não ia gostar de ver, preferindo ir a um show ou ao cinema. Também compactuo com uma opinião antiga, citando meu falecido amigo Zoltan Wenekey. Zoltan sempre dizia que o governo não tinha a mínima obrigação de ficar sustentando artista vagabundo. Apesar de gostar de receber dinheiro público para realizar uma montagem, concordo com ele neste ponto. A partir do momento em que o teatro se sustenta somente por verbas públicas, torna-se arte oficial, ou arte morta, que não representa mais risco para a sociedade. É necessária na cena local do Recife uma postura mais independente, a cidade suporta e tem sede deste tipo de teatro, mais experimental e inquiridor, ele leva a mais criatividade e soluções mais ricas e menos pomposas. É só olhar o que o movimento de independência fez com os músicos em relação às gravadoras, facilitando o acesso aos meios de produção e diversificando os tipos de obras feitas. Sinto falta no Recife de teatros com bares, como acontece na Pça. Roosevelt em Sampa, mais espaços independentes, outros modos de produção. A produção teatral local carece também de conseguir produzir materiais de valor agregados à peça, como CD's com a trilha sonora dos espetáculos, programas da peça ou outras publicações vendidos separadamente no local do espetáculo, bottoms, posteres, ou qualquer outra coisa que possa ser vendida e servir de fetiche para o espectador. O único grupo local que consegue fazer isso com sucesso é a Trupe do Barulho. Aliás, a Trupe também solucionou essa questão de arrecadar mais com a bilheteria sem ter que abolir a meia-entrada, simplesmente subindo o valor do ingresso inteiro para quinze reais. Nos 10 anos em que moro no Recife, até o valor do disco de vinil comprado no sebo subiu (até brinquei com o pessoal dos Trapeiros do Emaús, que vendiam discos na UFPE, dizendo que não compreendia a inflação no preço do disco velho), menos a entrada de teatro, que parece tabelada em 10 reais. A população não hesita em pagar 20 ou 30 reais num ingresso quando uma produção de fora vem referendada por um duvidoso mas garantido padrão globo de qualidade. Em suma, falta coragem da classe teatral de porventura se indispor com setores do governo e reivindicar mais verbas para os espetáculos locais e clareza nos processos licitatórios.
Isso tudo é o que me faz ter que aceitar um pouco da opinião oficial. Mas por outro lado acho louvável a mobilização realizada. Espero que dê resultados, e não dissolva-se nas pintas e novas panelinhas que costumamos ver na classe artística local.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Curta no Quarto às Quartas - por Alex Guterres

Hoje em cartaz: Um Ramo


Se não me falha a memória, assisti esse filme no Cine PE do ano passado e gostei bastante da forma como ele foi feito. É o tipo de roteiro que me atrai. Pela direção de arte, pela ausência da música...

Um tema surreal, cheio de pequenos fragmentos da vida cotidiana da personagem principal e cenas aparentemente banais, mas que vão revelando aos poucos a problemática do filme. Apesar do sofrimento, há muita beleza nas folhas verdes que brotam no corpo de Clarisse.


BONITO!
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UM RAMO

Gênero: Ficção
Diretor: Juliana Rojas, Marco Dutra
Ano: 2007
Duração: 15 min
Cor: Colorido
País: Brasil
Local de Produção: SP

Elenco: Eduardo Gomes, Gilda Nomacce, Helena Albergaria, Júlia Albergaria, Lilian Blanc, Luis Mármora, Marat Descartes, Marina Tranjan, Matheus de Jesus, Natacha Dias, Ney Piacentini, Pedro Costa

terça-feira, 18 de maio de 2010

Música antes da Quarta - por Lorena Raia

Apresentando: Banda Novaguarda




Hoje apresento pra vocês a Novanguarda. Esse power trio tem influência de rock sessentista, psicodelismo e música experimental e é liderava por Júlio Ferraz, um multi-instrumentista que não deixa a peteca cair nunca. Produção é o seu sobrenome.

Desde que veio de Floresta, cidade do sertão pernambucano, a banda passou por várias formações, chegando momentos em que só eram Júlio e seu violão, época onde o folk rock ficou mais forte no som da banda. Hoje a formação conta com uma galera massa, que é o Manoel Fubika [comandante miranova] e Carlinhos V10 [comandante miranova].

O currículo de Júlio é enorme. Além de vários bares e pubs da região norte-nordeste, sua banda já se apresentou em vários programas como Sopa diário, festivais como Pátio do Rock, Recife Noise, Desbunde Elétrico, Capibaribe Rock. Fora reportagens e notinhas em blogs de todo o Brasil.

Atualmente a banda prepara a “A Máquina de Retratos”, o primeiro disco oficial que está sendo produzido há dois anos por Júlio Ferraz. É uma espécie de mini ópera rock, talvez a primeira feita em Pernambuco.

É isso. Com a raça sertaneja, a insistência sem fim do rock e com muitos amigos essa banda vai estar sempre por aí. Então confira logo e “dêxe de sê besta”.

PRÓXIMO SHOW DA NOVANGUARDA:

sábado, 15 de maio de 2010

O ciclo em Movimento nº 2 - Circo da Trindade

No ar, mais uma edição do programa O Ciclo em Movimento! Para a alegria dos aficionados pela arte circense, batemos um papo com a Cia. Circo da Trindade. O programa ficou colorido e flutuante, contando ainda com a presença furta-cor do nosso apresentador pirata, Bruno Piffardine.


O Movimento é esse!



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Para saber mais sobre o Circo da Trindade:
http://circodatrindadeoficial.blogspot.com/

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Teatro de Quinta na Sexta - Por Sidmar Gianette

Teatros Mágicos no Sábado Pernambucano

Depois de tanto tempo falando mal do teatro pernambucano, fui surpreendido no último sábado, 8 de maio, por dois bons espetáculos de companhias locais. Refiro-me a “Quase Sólidos”, da Cia. Trupe de Copas, e a “Polo Marginal” espetáculo de rua do grupo Loucos e Oprimidos da Maciel. Começando a falar de “Quase Sólidos”, como disse a Junior Aguiar, co-autor do espetáculo, pouco antes do início da outra peça na Rua da Imperatriz, “é um dos melhores elencos que vi nos palcos daqui em anos”. Isto não é só puxa-saquismo de amigos. No palco do Teatro Apolo, Aguiar, juntamente com Eron Villar e Viviane Bezerra, dominam a cena com muita propriedade. Isto se dá em parte por serem três atores com pelo menos 10 anos de experiência, com bons espetáculos em seus currículos individuais; também se dá pela segurança e propriedade da direção de Elias Mouret, vulgo Bam, que estava fazendo falta nos palcos daqui; e em outra parcela por serem os atores também responsáveis pela dramaturgia da peça, um mix de textos próprios com referências que vão desde o Grupo Camelo (Coletivo de artistas plásticos recifenses que conta com diversos trabalhos e manifestos) até Dostoiévski e Baudelaire. Este texto, e a maneira como a encenação se apropria dele, são a primeira coisa que salta aos olhos e ouvidos da platéia. Logo na primeira cena, recortes do texto, juntamente com recortes gestuais que você retomará mais adiante na peça, são apresentados pelos três atores, que interrompendo-se e sobrepondo-se, conversam com o ritmo do vídeo projetado sobre eles, criando uma poesia espacial de desconstrução e desrealização, que acaba por justificar o título da peça, situado na solidez das emoções humanas, o que não quer dizer muita coisa, e por isso o “quase” cabe como uma luva. Quando você acha que a peça vai ser aquela coisa destruída e entrecortada que se apresenta, o vídeo cai e os atores retornam ao ritmo linear da vida humana para, ir construindo após os pedaços restantes daquilo que seria o prólogo, a primeira das histórias apresentadas, a da mulher que pede esmolas no pé da ponte, e que tem um filho, e que está gravida de outro, e quantas mazelas mais você puder imaginar. Os três atores revezam-se no papel da “Santa Pedinte do Pé da Ponte”, ora incorporando-a, ora tecendo comentários e interagindo com ela, e isto sem cair em chavões de teatro político ou melodrama, apesar de uma imagem de Deus-Pai-Salvador da qual discordo, porém considero cabível no contexto da peça. Alguns movimentos depois, encontram-se os três atores sentados de frente para a platéia, tratando-se por seus nomes reais e discorrendo na sequência mais divertida da peça que poderia se chamar “Amar é”. Impossível não rir depois de algumas sacadas do tipo “Amar é colocar 'namorando' no orkut”, ou “Amar é peidar debaixo do lençol e balança-lo”, ou ainda, o mais indefectível de todos “Amar é dormir de conchinha”. O que impressiona nesta cena ainda é o modo como os objetos que já apareceram na peça são utilizados de maneira trivial, criando belas imagens, principalmente quando aparecem três guarda-chuvas vermelhos, o que pode ser até um fetiche meu, mas que acaba ficando bonito no quadro com os três atores sentados em linha, fazendo variações com este objeto enquanto continua o texto. É desse jogo com os objetos e com a idéia da futilidade do amor que aparecem as cartas que vão levar ao desfecho da peça. Júnior Aguiar começa a ler uma das cartas que conduz à história de seu amigo baleado no bairro de São José. Eu não sei se esse final é aleatório, pois existem outras cartas em cena com outras histórias pessoais, mas acabou caindo bem depois da leveza da cena anterior. Uma das chaves do espetáculo se dá na maneira como os atores começam a construir uma cena a partir dos pedaços da anterior, e quando esta atinge uma maturidade, simplesmente é desmanchada, esta história corrente fica largada em prol de outra que começa a se construir. Como uma das frases ditas no início do espetáculo, “Tudo o que é sólido desmancha”, o que acaba sendo uma das proposições da encenação. Por outro lado, a simplicidade e sutileza com que Bam, o diretor da peça, trabalha com os elementos para formar essa colcha de retalhos é muito própria, além de conduzir bem os atores muito precisamente no caminho que ele quer, sabendo abrir os espaços certos na encenação para encaixar poéticas pessoais dos performers. Como disse no início, os três atores, apesar de alguns vícios de interpretação não terem sido exatamente limpos, e que eu só tenha percebido talvez por já ter trabalhado isoladamente com os três em outros momento, formam um dos melhores elencos do Recife hoje, o que contribui decisivamente para que o público veja um bom espetáculo. Também nos mostra o que um pouco de planejamento e estrutura mínima para a pesquisa teatral podem fazer pelo teatro pernambucano, dado que o projeto de “Quase Sólidos” conta desde 2008 com o apoio da Funarte, via prêmio Myriam Muniz, e contou com a estrutura do Centro Apolo-Hermilo para ensaios, via projeto de residência artística, do qual falarei em outra ocasião. O espetáculo segue em temporada no Teatro Apolo, aos sábados e domingos, até o dia 29 de Maio, e se apresenta no dia 18 do mesmo mês no Teatro Milton Bacarelli, o famoso teatrinho do CAC, lá ao lado do estúdio do Departamento de Música da UFPE. Mais informações sobre a peça e o processo de criação podem ser encontrados no blog da companhia: www.trupedecopas.blogspot.com

Bom, eu falei que tinha visto duas peças boas no sábado, e a segunda foi o “Polo Marginal” logo no início da Rua da Imperatriz, com a Rua do Hospício. Eu, que só tinha saído de casa pra ver a outra peça e tomar cachaça com as farrapeiras da Well e da Ariann, chego na Rua da Moeda por volta de 9 e meia da noite e encontro DuJarro se aprontando para tocar lá no Pina, na companhia de quem? Roberto Macarrão e Léo Zadi. Neste momento eu juro que pensei, fudeu minha noite, vou ter que aguentar Macarrão enchendo minha mesa de cerveja enquanto Léo vai ficar aí arranhando aquela porra daquela rabeca. Mas não, Roberto me botou foi dentro de um táxi, e fomos os três ver a apresentação dos loucos da Maciel, na companhia da bela e luminosa Raíssa (decorei teu nome, viu? Só não sei se é assim mesmo que se escreve). Aguiar também apareceu por lá e aí armou-se o circo. “Polo Marginal” é um espetáculo de rua baseado nas músicas e poemas de Marco Polo Guimarães, aquele mesmo da lendária banda pernambucana Ave Sangria. Segue a mesma linha de encenação do trabalho anterior do grupo, “Do Moço e do Bêbado Luna”, calcado nos poemas de Érickson Luna. Seis atores e uma atriz mesclam no palco números musicais tocados ao vivo, com cenas criadas a partir de poemas do autor. Este, que estava sentado numa das mesas, aparentava estar gostando bastante do trabalho, os atores divertiam-se vendo que ele estava gostando e que eu sabia todas as músicas do Ave Sangria, já perdendo a sobriedade e cantando ao lado do palco. Longe de ser um recital fechado, pega bem o espírito boêmio do bairro da Boa Vista, incorporando bem a improvisação e a interação com a platéia, principalmente no quadro anunciado como “Mete Bronca”, uma sátira aos quadros de TV onde a população reclama e faz críticas, sendo um microfone aberto no meio da apresentação. Vale mostrar seu poema, cantar uma música, ou reclamar do garçom, tanto faz, o picadeiro estava lá para quem quisesse. Lá pelas tantas, Amaro, também ator que estava no público, já se integrava ao elenco com um chocalho na mão. Vale citar a habilidade dos integrantes do grupo Loucos e Oprimidos da Maciel em vários instrumentos musicais, na manipulação destes também como objetos de cena muito bem feita, e na colaboração do histórico Gê Domingues (mais informações no livro de Luís Reis sobre Cinderela) nas canções apresentadas, dando um embalo musical ao espetáculo que é o que traz essa leveza e clima de divertimento para quem assiste, e que garante os aplausos do público no fim. Meu amigo Samir, que hoje mora longe, admirava muito a poesia de Marco Polo e posso dizer que a peça aguçou em mim a curiosidade sobre seus poemas.

Bom, como isso aqui é uma coluna de teatro, não vou falar do resto da noite, até porque ninguém tem nada a ver como a minha vida. Mas deixo o registro de que, apesar de algumas egotrips, Júnior DuJarro (com o 'u' que você não gosta, puto!) continua sendo o melhor baterista do Recife, e eu continuo dizendo que todas as bandas deviam contratá-lo. De resto, prestem atenção na programação do Festival Palco Giratório, que vai até o fim do mês, disponível no site: http://www.sesc-pe.com.br/palco2010/

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Curta no Quarto às Quartas.

Hoje em Cartaz: Manual para atropelar cachorro.

Gênero: Ficção, Conteúdo Adulto
Diretor: Rafael Primo
Ano: 2006
Duração: 18 min
Cor: Colorido
Bitola: 35mm
País: Brasil
Local de Produção: SP

Elenco:
Ary França, Barbara Paz, Cynthia Falabella, Rafael Primo, Rodrigo Frampton, Rubens Ewald Filho, Tuna Dwek, Zezé Polessa.

Sinopse:

De onde vem a maldade humana? O que leva alguém a cometer atos de crueldade? O mundo visto por uma mente doente, enlouquecida em uma cidade grande qualquer. Síndromes Urbanas.




Acompanhem nossas postagens semanais e , por favor, deixem suas impressões sobre o filme para que possamos debater. Fiquem à vontade também para sugerir títulos a serem exibidos e discutidos.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Música antes da Quarta - por Alex Guterres

Cinco Links para a nova música do Norte-Nordeste.
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Os Integrantes da Anjo Gabriel adotaram visual e comportamento de Woodstock como lema de vida.
Se quiser virar um iniciante do neo hippie, procure o som do Anjo Gabriel no Myspace.


O pequeno Wagner Moura (é o ator mesmo) quando garoto, escutava Beatles e Odair José sem criar uma hierarquia entre os dois tipos de música. Anos depois surgiu Sua Mãe, banda baiana do ator que virou frontman.
Sua Mãe

Vitaraújo, com sotaque de Recife. Um prodígio que pisa no piano com seu Allstar.
Recomendo com ênfase a versão de Paranoid Android, do Radiohead, executada pelo garoto.

De Lady Gaga a Nirvana, Dj Cremoso, a maionese do brega é a nova coqueluche da web.
O que o Dj Cremoso faz nas horas vagas?
“Eu pesquiso músicas. E bebo. Os melhores remixes eu imaginei bêbado.”


No Brasil os mash-ups já fazem sucesso em determinados meios, mas agora um grupo de músicos paraenses resolveu ir além e recriou um clássico do Pink Floyd em uma versão bem particular.

The Charque Side of The Moon

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

A Segunda Letra - Por Clara Arôxa


Apenas se deveriam ler os livros que nos
picam e que nos mordem.

Se o livro que lemos não nos desperta como
um murro no crânio, para que lê-lo?

[ Franz Kafka]



Onde andará Dulce Veiga? é o segundo romance, de Caio Fernando Abreu. Publicado nos anos 90, o livro tem um quê de filme e impõe ao leitor uma busca de vários sentidos e caminhos, ao longo das páginas. Não se sabe se a perseguição a Dulce é mero faro jornalístico do personagem ou se é uma a necessidade de algo que faça sentido e contenha respostas - a grande ferida dos considerados pós-modernos.

O livro conta a história de um jornalista fracassado, cuja vida é recheada de contradições e lacunas. De repente, ele se vê mergulhado no mistério do desaparecimento da cantora Dulce Veiga e a partir disso entra em contato com tudo o que o atormenta. Caracterizando uma geração dos anos 80, cheia de mazelas herdadas da época repressiva da ditadura, Caio veste os personagens com o excesso dos que sentem demais e dos que não sabem lidar com si mesmos. Tudo é real, tocável e pede pressa, inclusive o leitor.

A perseguição por respostas é contínua ao longo do livro. Sejam elas no âmbito do medo, da sexualidade, da falta de sentido. Tudo corrói aos poucos. Adepto dos que vivem realmente e não apenas mudam o dia no calendário, Caio descreve um homem repleto de paranoias e que de tão típico, assusta. A cada página um aviso: olha o que você pode ser. Ler Onde andará Dulce Veiga? é a certeza que dali não se sai mais o mesmo.

Na verdade, eu deveria cantar.



*Na edição da Agir, ainda há cartas do autor endereçadas a amigos que relatam como foi escrever Onde andará Dulce Veiga?, “Então fica assim: Onde andará Dulce Veiga? foi o livro que mais me doeu. Veja só: em nenhum momento ele fluiu. Foi escrito gota -a- gota, palavra por palavra”, relata Caio em uma das cartas.

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Conheça mais sobre Clara Arôxa em:
http://www.versosdefalopio.blogspot.com/
http://www.aclarameninaclara.blogspot.com/

domingo, 9 de maio de 2010

Curiosidades de domingo - por Alex Guterres

Mr. Jo Jones, O Bruce Lee das baquetas!


Confesso que sou extremamente viciado no youtube. No meu tempo livre tenho o hábito de garimpar vídeos curiosos, em sua maioria, proezas de músicos virtuosos de rock e jazz (curiosidade mórbida de um músico frustrado..), mas esse vídeo me foi enviado pelo meu irmãozinho Forllan via orkut. A banda é o Oscar Peterson Trio, oficialmente composto pelo próprio Oscar no piano, um contra-baixista e um guitarrista que eu não sei os nomes. Além deles a banda conta com o apoio de um belo naipe de metais e um baterista muito peculiar, Mr. Jo Jones. É dele a proeza! Do meio pro fim da música entitulada "C Jam Blues", o cara executa um puta solo de bateria com movimentos que lembram muito os do Bruce Lee. Vejam só que curioso!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Diversão & Arte

NÓS PÓS MOSTRA A terceira edição do projeto Mostra conta com a participação do poeta Lara (que estará divulgando seu mais recente livro, Seleta visceral), do poeta Filipe Wolney, integrante do Movimento Silêncio Interrompido, da escritora Márcia Maracajá, que executará performances de textos de jovens autores, do escritor, ator e diretor de teatro Sidmar Gianetti, numa parceria com o músico Jalú Maranhão. Inicialmente, a partir das 19h estará acontecendo a exposição Bem vindo à Mackina, do poeta, artista plástico e produtor cultural Israel Lira. Pra fechar o evento quem faz a vez no palco é a banda Ampsilina.

PALCO GIRATÓRIO Uma maratona cênica vai tomar conta dos teatros do Recife a partir do próximo sábado. É o Festival Palco Giratório Brasil-Recife com 35 montagens de 30 companhias, vindas de 12 estados brasileiros. O festival nacional, organizado pelo Sesc, já tem 14 anos. Além dessa circulação, no segundo semestre, o festival vai percorrer o interior. Os preços são populares: R$ 10 e R$ 5.

QUASE SÓLIDOS A Trupe de Copas continua em cartaz no Teatro Apolo com o espetáculo Quase sólidos. São seis quadros, idealizados a partir de um texto criado pelo próprio grupo durante os ensaios, sobre o amor e a morte dele. No palco, estão Viviane Bezerra, que já fazia parte da companhia, Júnior Aguiar, do Coletivo Grão Comum, e Eron Villar, do Engenho de Teatro. Até 29 de maio, aos sábados e domingos, às 20h. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5. Informações: 3355-2028.


MARC RIBOUD A exposição itinerante Marc Riboud - 50 anos de Fotografia está em cartaz na Torre Malakoff (Praça do Arsenal, s/n, Recife Antigo). São 60 imagens que revelam o olhar singular da tradicional escola francesa de fotografia. A exposição revela a diversidade de referências do trabalho de Riboud, com destaque para o fotojornalismo. De Terça a sexta, das 9h30 às 17h. Aos sábados e domingos, das 14h às 17h. Gratuito. Até 20 de junho.

GUILHERME SECCHIN Recife não apenas recebe pela primeira vez uma exposição do artista plástico capixaba Guilherme Secchin, como será a primeira cidade do país a exibir De perto, de longe, no Centro Cultural dos Correios (Av. Marquês de Olinda, 262, Recife Antigo). São 21 obras em acrílica sobre tela e técnica mista sobre madeira, produzidas durante entre 2009 e o início deste ano. A mostra fica aberta ao público a partir do dia seguinte (14), De terça a sexta, das 9h às 18h e, sábado e domingo, das 12h às 18h. Gratuito. Até 6 de junho.

MÚSICA E MODA Último dia do Muda de Roupa, projeto organizado por Carol Monteiro e pela estilista Carol Azevedo, que associa a moda com música, performance, fotografia, cinema e artes plásticas. No Espaço Muda (Rua do Lima, 280, Santo Amaro), das 14h às 23h. Gratuito.

MARTE EM TODA PARTE Música e imagem na festa Marte em Toda Parte que acontece no Espaço Cultural Canal das Artes (Rua Vigário Tenório, Bairro do Recife). A ideia é circular informações pesquisadas, remixadas e executadas pelos DJs/VJs da cidade. Na abertura, as atrações são a banda Visitantes (SP) e os DJs Lucio K (RJ) - que há dez anos é residente de uma das pistas da Casa da Matriz - e Incidental, além da VJ Mary Gatis. A partir das 23h. Ingressos a R$ 10 (até 0h) e R$ 15 (após). Informações: 9221-8710 .

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Teatro de Quinta - por Biagio Pecorelli

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"Passei na casa de jogo do bicho agora... tem sangue lá ainda."
"Acho que essa é a primeira "matéria" sobre o acidente."
"Fiz o poema e circulei na net antes do SAMU chegar."
"E eu estava mesmo escrevendo o poema quando aconteceu.Que coisa..." _____________________________________________________________


TREVO DA SORTE


Serei...

(poema interrompido
pelo freio tardio
de uma carreta,

pelo grito de uma
mãe estirada
no asfalto,

o carrinho
do bebê estraçalhado
na mureta da casa
de jogo do bicho).


Biagio.
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Saiba mais sobre a origem do poema em:
http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/acidente/2010/05/05/NWS,512453,4,94,NOTICIAS,766-CARRETA-ATROPELA-TRES-MESMA-FAMILIA-PIEDADE.aspx

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Curta no Quarto às Quartas - por Alex Guterres

Hoje em cartaz: A história da eternidade

Gênero: Experimental, Conteúdo Adulto
Diretor: Camilo Cavalcante
Ano: 2003
Duração: 10 min
Cor: Colorido
Bitola: 35mm
País: Brasil
Local de Produção: PE

Elenco: Adriana Maciel, Charles Franklin, Cosme " Prezado" Soares, Cosme " Prezado" Soares; Geraldo Pinho, Cosme Prezado Soares, Geraldo Pinho, Iracema Almeida, João Ferreira, Júlio Verçosa, Marco Camaroti, Nerisvaldo Alves, Nina Milit, Nina Militão, Roberta Alves, Seba Alves, Valdir Nunes, Vanessa Suedy


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A História da Eternidade é um falso plano-sequência que pretende conduzir o espectador a uma viagem dentro dos instintos humanos, através de uma linguagem poética e metafórica. Acontecimentos que representam um amplo panorama da civilização ocidental e tudo que o ser humano é capaz, desde trucidar seu semelhante brutalmente até inventar a arte para libertar os sonhos estão presentes neste exercício visceral que expõe, sem concessões, a eterna tragédia humana.

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É um filme simbólico, ácido e poético.

Sou suspeito pra falar do trabalho de Camilo.


Bom filme!

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terça-feira, 4 de maio de 2010

Música antes da Quarta - Por Lorena Raia

Troféu Sonar PE trás primeira premiação musical de Pernambuco

A produtora Sonar PE, coordenada por Will Nascimento e Tito Bela Vista, promove no dia 15 de maio, o 1° Troféu Sonar PE de música pernambucana. Essa premiação é a primeira no estado, pelo menos no formato interativo que se propõe. Dentro das categorias, as bandas ou músicos foram indicados pelo público, dentro do blog ou orkut da produtora.

Passando pela primeira fase, a curadoria convidada para a premiação dará o veredicto. Para essa primeira edição foram convidados: Marcelo Pereira, do Jornal do Commercio, Carlos Dantas da Livraria Cultura, Mayra Lima do Coelho Branco, Gabriel Cardoso do Lumo Coletivo e Evandro Q. do Bar Iraq, que premiarão os vencedores com um troféu pela importância no processo de produção artística e cultural no estado.

Um dos pontos mais legais é que todos os anos a partir desta primeira edição do troféu, o Sonar enquanto Coletivo escolherá um nome para homenagear. Um reconhecimento por serviços prestados à música pernambucana. Este terá que ter representado com solidez e clareza nossos interesses culturais em baixo e em cima dos palcos. Neste ano o escolhido foi Fred 04 "Mundo Livre S/A" pelo tempo de estrada, sua luta contra a Ordem dos Músicos e por sua obra cheia de poesia e observações políticas.

Antes da premiação do dia 15 de maio, que vai ser na Livraria Cultura, no Paço Alfândega, às 17h, teremos um belo de um aquecimento com as bandas Ex-Exus, Julia Says e Voyeur no Burburinho, dia 08 de maio, 22h, sábado agora. Os ingressos vão custar só R$ 7,00 e a alegria é de graça.

É isso aí. Mais um importante termômetro da produção cultural no estado. E com chances de ser um dos mais importantes acontecimentos da música pernambucana daqui pra frente. Tem tudo para se solidificar.
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Saiba mais sobre Lorena Raia e sua banda Antiquarta.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A segunda letra - Por Giordano Bruno

Cândido, ou o otimismo - Voltaire.


Despejado, preso, torturado, abandonado, sem mulher e sem amigos.
Este é Cândido!

Contrapondo valores, instigando a ética, o personagem de Voltaire chega em linhas tênues, e desmancha-se acidamente sobre uma sociedade hipócrita e cruel.
Enquanto sofre suas perdas, o personagem avalia o prêmio moral, os benefícios oriundos das dificuldades.

Com a lenda de ter sido escrito em três dias, o romance esbanja qualidade, no perfil dos personagens, no enredo, e na diversidade cultural que usa para descrever o meio social da época.

A cada capítulo um conto.
E na seqüencia dos contos um romance fácil de ler e rico em detalhes.
Abrasivo e cru, Voltaire o lança aos cuidados de um pseudônimo, Dr. Ralph.

Cândido, ou o otimismo (1758) é uma crítica romanceada as idéias de Leibniz, um dos maiores filósofos e matemáticos de todos os tempos. Trás o debate filosófico entre o bem e o mal e a lei de causa e efeito, numa Alemanha de poucos, combatendo o otimismo de Leibniz, contrapondo-o a uma realidade de desastres.

Se pudesse descrever a obra em uma ou duas palavras, pela técnica, ousadia e coragem do escritor, diria que ela é amorosamente ácida.
A crítica é de segunda mas a literatura é de primeira, li, gostei, viajei e recomendo.





“— Tudo isso está bem dito... mas devemos cultivar nosso jardim.”
(Cândido)
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Saiba mais sobre Giordano Bruno em:
http://www.boteco-socialista.blogspot.com/

http://edicoesbaluarte.com.br/giordano/

twitter:
@giobrunogonzaga

domingo, 2 de maio de 2010

Cleopatra Stratan - A princesinha do brega romeno!

Se o tecnobrega é invenção dos paraenses eu não sei, mas garimpei na internet uma figurinha que faz isso com muita propriedade desde os três anos de idade, do outro lado do oceano. Cleopatra Stratan é uma garotinha da Romênia que entrou para o Guines Book como a cantora mais nova do mundo, batendo o recorde do fenômeno Francês da década de 90, Jordy. Não entendo nada de música romena, mas ao escutar o som da Cleopatra, notei de cara a semelhança com o nosso tecnobrega, a pesar do ritmo da princesinha ser mais cadenciado e em algumas músicas com influências do pop e hip hop americano.

Nesse vídeo Cleopatra Stratan canta o seu Hit - Ghita
Vale a pena conferir.


Bateu a vontade de gravar o disco dela e distribuir no camelódromo...
=]
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Por Alex Guterres

sábado, 1 de maio de 2010

O Ciclo em Movimento - programa n°1

Nessa primeira edição do programa conversamos com a Banda Caetano, que há algum tempo circula pelos palcos do Recife. A galera é gente fina e responderam as perguntas do nosso apresentador, Joás "feijão", sempre com muito bom humor, dando o toque descontraído que o programa sugeria.

Então sem mais delongas fiquem a vontade para assistir e comentar O Ciclo em Movimento



O movimento é esse!!