
Desamores é um nó na garganta, aquele choro preso de histórias que não se concluíram. As dúvidas que não somem na mesa do bar e nem naquela cama desconhecida. É “como se estivéssemos largado a torneira aberta. Por dias. ”, segundo o autor. Ana é, no final das contas, uma pergunta sem resposta. Caio é uma esperança que não desce tão macio goela abaixo. Bárbara é um futuro irritante. Júlia é uma ferida daquelas que latejam sem hora pra terminar. Bruno é um medo. Danilo a bagagem que sempre está por perto. De repente, todos os sentimentos se misturam e, a cada novo capítulo, ninguém sai alheio ao vazio. O tão temido vazio que invade os seres que desejam não ser tão humanos.
Baszczyn consegue, ao longo da leitura, prezar pela simplicidade dos fatos, da linguagem. Não há metáforas geniais, nem descobertas de estética. Apenas a terrível simplicidade dos fatos, a noção exata do desencontro – em todas as instâncias. Irritam os diálogos de Ana e Bárbara, a fragilidade emocional alheia, as atitudes impensadas dos relacionamentos, o pause que é impossível dar na vida. Irrita como é possível adentrar no meio das páginas e dizer: se eu tivesse feito aquilo, se tivesse dado aquele beijo. Irritam as lembranças que se embaraçam as letras. No final, sobram os desamores.
A leitura é rápida, algumas horas, sem interrupção é o que o livro te toma. Sair imune a ele é difícil. No mais, garçon, a conta, por favor.
Eduardo Baszczyn é jornalista, mora em São Paulo e escreve no blog Coisas da Gaveta.
Ta escrevendo com uma propriedade incrivel, Clara. Parabéns!
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