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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Coluna política - por Evandro Rocha

INDUÇÃO AO ERRO


Recentemente, estamos vivendo um período turbulento em que o denuncismo barato grassa nos noticiários e jornais de grande circulação. É o que se chama de intervenção da imprensa marrom, uma forma de se chamar os órgãos de imprensa considerados publicamente como sensacionalistas e que buscam audiência e aumento nas vendas, através da divulgação exagerada de fatos e acontecimentos. Em todos os casos há uma considerável transgressão da ética jornalística. Entretanto, estas citações sempre teriam como motivo a ideologia política daquele que cita, de acordo com a visão que este possui do mundo e da realidade em que vive. O fato é que, de modo frequente, determinados setores da imprensa, divulgam notícias amparados em suas editorias ou em suas próprias crenças políticas, econômicas ou sociais, tentando influenciar todo aquele que recebe a notícia no sentido de mostrar sua própria visão de mundo. Todavia, cabe a quem recebe a informação, consultar outras fontes para cientificar-se da realidade dos fatos e formar sua própria opinião. A prática de divulgação de informações e notícias segundo sua linha editorial não constitui, em si, um problema ético. Respeitados jornais do mundo fazem isso, porém sempre deixam claro suas posições ao leitor, de modo que o mesmo possa entender sob qual ótica a notícia está sendo dada. O noticiário marrom, se manifesta quando essa posição é omitida de propósito, e os fatos são distorcidos ou apenas parcialmente divulgados para induzir o leitor ao erro. O problema é que os recursos jornalísticos usados pela imprensa marrom, criam um ar de desconexão entre a responsabilidade dessas empresas com sua informação e a origem da informação. Contra a prática deste tipo de jornalismo, em determinados países, existe o recurso do processo judicial, onde aquele cujo direito foi ferido por informações falsas ou distorcidas obriga o órgão difamador a indenizar pelos prejuízos causados, seja de forma financeira ou fazendo uma retratação pública sobre o fato ocorrido. Infelizmente, aqui no Brasil, tal prática ainda não é exercida. Enquanto isso, o jornalismo marrom continua induzindo os leitores e telespectadores ao erro, deixando-os à mercê desses estelionatários da notícia.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

In- margem n°3: Caapiuar Sushi

Com direção e fotografia de Alex Guterres, trilha sonora de Lula Côrtes e performance de Biagio Pecorelli (be.), será lançada na próxima sexta-feira, dia 17 de setembro, às 21h, no espaço N.A.V.E. (Rua do Lima, 210), a videoperformance Caapiuar-Sushi. O experimento de 15 minutos, filmado em take único, na paisagem desértica do Vale da Lua (litoral sul do estado de Pernambuco), sintetiza uma ação em que “be.” aparece travestido numa espécie de mito da brasilidade pura, e disputa uma esquisitíssima partida de xadrez com uma gueixa. Caapiuar-Sushi (termo que sugere algo como “sushi das capivaras”) é a terceira obra de uma série intitulada In-Margens, onde Biagio vem abordando corporalmente a tensão entre o local e o global — ou entre as últimas incandescências do esmalte armorialista e a pressão lasciva do mundo globalizado —, desta vez transitando por um universo absolutamente onírico e enigmático. A noite conta ainda com os shows de Bê Formiga, Bruno Negaum e um pocket show do próprio Lula Côrtes.



Lançamento da videoperformance Caapiuar-Sushi

Shows de Lula Côrtes, Bê Formiga e Bruno Negaum

Data: 17 de setembro de 2010 (sexta-feira)

Hora: 21h

Local: Espaço N.A.V.E. (Rua do Lima, 210)

Preço: R$ 10,00

Link do Vídeo Promocional:

sábado, 11 de setembro de 2010

Coluna política por Evandro Rocha

DELÍRIOS INFUNDADOS
O recente episódio de quebra de sigilo fiscal envolvendo pessoas ligadas ao PSDB, trás a tona uma velha mania brasileira: a generalização. Faz dois meses que o escândalo explodiu. No final de junho, um jornal de São Paulo, denunciou que o grupo que se dizia incumbido de montar dossiês para a campanha petista, tinha em mãos cinco declarações de renda do vice-presidente do PSDB .Também se sabe que, além deste, outros três tucanos, os donos de uma grande loja de varejo, uma famosa apresentadora de TV, e a filha do candidato tucano a presidência, também estão na lista. Evidentemente, este ”escândalo” tem que ser apurado com o rigor necessário, pois não é admissível numa sociedade democrática, tamanho descalabro.Todavia, o que está acontecendo é o uso indevido do fato para fins eleitoreiros, visando desestabilizar a campanha petista. Não há nenhum indício de participação direta, ou indireta, da candidata, ou de dirigentes petistas no episódio, como estão querendo mostrar. É notório que a oposição está buscando um fato novo na campanha eleitoral. A esperança é a de que este fato possa mudar as tendências de ascensão da petista e de queda do tucano, invertendo as pesquisas e levando a campanha para um improvável segundo turno. Contudo, a violação ocorreu no dia 30 de setembro de 2009, quando ainda não estava definido o candidato tucano ao Planalto. Além disso, consta que cerca de 300 pessoas tiveram seus sigilos fiscais violados naquele mesmo dia. Ou seja, por maiores que sejam os esforços para que o caso se torne decisivo na disputa eleitoral, algumas perguntas permanecem no ar. Se a pretensão é investigar e apurar os fatos, é preciso encontrar respostas para elas antes de tirar conclusões precipitadas. Se foi alguém ligado à campanha do PT, porque faria isso a um ano atrás, quando os governadores de São Paulo e Minas Gerais, se engalfinhavam pela indicação da candidatura tucana e a campanha da petista sequer havia sido estruturada? Ou, isto seria mais um estratagema tucano para minar a candidatura oficial? O fato é que o suposto “escândalo” parece não ter surtido o efeito eleitoral almejado, tanto que, o candidato tucano, jogou a “batata quente” para o presidente do partido, e disse que não vai mais se pronunciar sobre o caso. Pelo visto, não foi dessa vez que, a oposição e determinados setores da imprensa, tiveram sucesso em seu intento de desestabilizar a candidata oficial e o atual governo. Apenas, deliraram infundadamente!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Coluna política - por Evandro Rocha

MUITO ALÉM DA ARQUITETURA
Ele é considerado um dos maiores nomes da arquitetura moderna mundial. Suas obras estão em quase todas as partes do mundo e, além de belíssimas, desafiam a moderna engenharia.Oscar Niemeyer, ou simplesmente Oscar, como gosta de ser chamado, nasceu no Rio de Janeiro em 1907. Passou grande parte da sua juventude sem preocupações imediatas, e na boêmia. Em 1929, já casado, Oscar decide retornar aos estudos e, em 1934, forma-se em arquitetura e engenharia na Escola Nacional de Belas-Artes. Sempre idealista, apesar das dificuldades financeiras, decidiu romper com a arquitetura comercial e foi trabalhar sem remuneração no escritório do arquiteto Lúcio Costa. Ali, vislumbrou a oportunidade de praticar uma nova arquitetura. Foi o pioneiro na exploração das possibilidades construtivas no concreto armado. Em 1945, já um arquiteto de renome, conheceu Luís Carlos Prestes e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Emprestou a Prestes a casa que usava como escritório de projetos, para que este montasse o comitê do partido. Em 1946 seu nome já circulava internacionalmente, e Niemeyer é convidado a lecionar em uma universidade americana, porém, é impedido de atender ao convite, por ter o visto negado devido à sua posição política. Entretanto, em 1947, Niemeyer é indicado para fazer parte da equipe de arquitetos mundiais que viria a desenvolver a Sede das Nações Unidas. Niemeyer viaja aos Estados Unidos e apresenta o projeto que seria escolhido e elaborado conjuntamente com o arquiteto suíço Le Corbusier. Após um tempo trabalhando em São Paulo, onde fez importantes obras de destaque, dentre as quais: o Edifício COPAN, foi convidado pelo presidente Juscelino Kubitschek, para um projeto político ambicioso: mover a capital nacional para uma região no centro do país. Brasília foi um grande desafio, a cidade foi construída na velocidade de um mandato, e Niemeyer teve que planejar vários edifícios em pouquíssimo tempo. Entre os de maior destaque estão: o Palácio da Alvorada,o Edifício do Congresso Nacional, a Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, o Palácio do Planalto, além de prédios residenciais e comerciais. A nova cidade projetada, levou em conta o ideal socialista, onde as moradias pertenceriam ao governo e seriam utilizadas por todos. Nesta ótica, todos os funcionários, fossem serventes ou parlamentares, deveriam habitar os mesmos prédios. Após o golpe militar, em 1964, Niemeyer se auto-exilou na França.Voltou ao Brasil no começo dos anos 80, no início da abertura política, quando entrou em vigor a lei da anistia; ocasião em que encontrou o antropólogo Darcy Ribeiro, seu amigo, para juntos realizarem projetos educacionais e culturais. Projetou os CIEPs e o Sambódromo do Rio de Janeiro. A luta política é uma das questões que sempre marcaram a sua vida e obra. Visitou a ex-União Soviética, teve encontros com diversos líderes socialistas e foi amigo pessoal de alguns deles. Em 2007, presenteou Fidel Castro com uma escultura de caráter antiamericano: uma figura monstruosa ameaçando um homem que se defende empunhando uma bandeira de Cuba. Certa vez, afirmou:“Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral”.Com estas palavras, Niemeyer demonstra que, à sua genialidade,vai muito além da sua belíssima arquitetura.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Coluna política - por Evandro Rocha

O GRANDE TIMONEIRO



A China atualmente possui uma das economias que mais crescem no mundo. Sua média de crescimento econômico nos últimos anos é de quase 10%. Segundo especialistas, se mantiver esta taxa, em poucos anos, se tornará a maior potência econômica do planeta. Entretanto, nem sempre foi assim. No início do século XX, a China vivia sob a égide de um regime imperialista e sua economia era essencialmente agrária. Havia muitos problemas internos, e os governantes mantinham certa distância do povo. Diante de tal descalabro, surgiu dentre os chineses, um líder: Mao Tsé-tung. Nascido em 1893, em um vilarejo distante da capital, de infância humilde, filho de camponeses; frequentou a escola até os 13 anos de idade, quando foi trabalhar como lavrador. Por conflitos com seu pai, saiu de casa para estudar na capital da província. Conheceu as idéias políticas ocidentais e especialmente as do líder nacionalista Sun Yat Sen. Alistou-se como soldado no exército revolucionário até o início da república chinesa. Continuou estudando e assimilando o pensamento político-ocidental. Mudou-se para Pequim, onde iniciou seus estudos superiores em Filosofia e Pedagogia. Mao participou da fundação do Partido Comunista Chinês, foi confirmado oficialmente como chefe do partido, sendo nomeado presidente do Comitê Central. Em 1945, após a invasão japonesa à China, seu exército revolucionário tinha em torno de um milhão de homens e o apoio de 90 milhões de chineses. Venceu os nacionalistas e as forças conservadoras, responsáveis pela submissão chinesa. Marchou triunfalmente em direção a Pequim e, em 1 de outubro de 1945, proclama a República Popular da China. Em dezembro deste mesmo ano foi aclamado Presidente. Após a consolidação do poder do povo, Mao Tsé-Tung manteve-se fiel à idéia do desenvolvimento da luta de classes, tentando dar-lhe novo impulso através da liberdade de expressão. Iniciou uma política de desenvolvimento chamada de Grande Salto Adiante, baseada na industrialização associada ao desenvolvimento agrícola. Em 1966, com o apoio de sua esposa, Jiang Qing, Mao empreendeu a mais polêmica de suas iniciativas: a revolução cultural, destinada a abolir a distância entre povo e intelectuais. Encontrou muita resistência dos que queriam uma linha política e econômica mais moderada. Afastado do poder, com a saúde comprometida, continuou influente até a sua morte em 1976. Seu prestígio ultrapassou as fronteiras do Oriente, tornando-se um líder respeitado no plano internacional. Mao, mesmo depois de morto, continua sendo uma figura atual, suas idéias tiveram grande aceitação nos países do Terceiro Mundo como artífice da guerra popular revolucionária, com um legado importante. Na China é visto como um grande revolucionário, um salvador da pátria. Ainda hoje, muita gente se aglomera para ver o seu corpo embalsamado, e muitos chineses choram a sua morte. Acreditam que, através de suas políticas, ele lançou os fundamentos econômicos, tecnológicos e culturais da China moderna, transformando o país de uma ultrapassada sociedade agrária em uma grande potência mundial.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Coluna política - por Evandro Rocha

VOTO CONSCIENTE

O primeiro povo a experimentar um governo democrático foram os gregos, há quase três milênios. Ao contrário do que se imagina, o governo não era propriamente popular, pois os únicos aptos para votar e serem votados, eram os ditos cidadãos, estes minoria.Todavia, o mundo grego entrou em crise e, governos tirânicos e monárquicos voltaram novamente ao poder. Na Idade Média, a experiência democrática dos gregos não foi levada em consideração pelas forças políticas dominantes da época, que preferiam se alinharem a um poder centralizador, em busca de regalias e interesses próprios, em detrimento das classes menos favorecidas que era a maioria da população. O avanço tecnológico e do conhecimento, conjuntamente com a invenção da imprensa, permitiu o acesso de muita gente ao desenvolvimento de um senso crítico mais apurado, expandindo seus horizontes culturais. Com isso, as pessoas começaram a compreender melhor os mecanismos do poder e a repudiar as minorias privilegiadas, que por conta de uma descendência dita nobre, negavam a ascensão social da população. Os pensadores da época, os chamados humanistas, foram os primeiros a levantar questões que envolviam as relações de poder e seus melindres. Quando aconteceu a Revolução Francesa, a aristocracia deixou de usufruir dos seus privilégios e vários Estados passaram a se organizar sob a forma republicana. A partir daí, com o poder de governar distribuído na forma proposta por Montesquieu juntamente com as idéias de Rosseau, o mundo experimentou, novas formas de governar, caindo monarquias absolutas e surgindo, paulatinamente, governos republicanos, não vitalícios, eleitos por uma parcela significativa do povo. Finalmente, camadas inferiores ascendiam ao poder. As condições de vida melhoraram significativamente, embora esse avanço não tenha ocorrido de uma forma imediata em todos os Estados. Ainda hoje, em pleno século XXI, há muitos povos governados por sistemas “ditatoriais’’, onde uma categoria restrita apropria-se do poder e tudo faz para nele permanecer, utilizando-o, clara ou tacitamente, para benefício próprio. Em muitos países, os líderes chegam ao poder através de eleições mais ou menos legítimas, via voto popular. Infelizmente o povo nem sempre pode fazer boas escolhas, porque os sistemas eleitorais seguem leis que favorecem os que detém o poder econômico e podem manipular os meios de comunicação, ou oferecer outros atrativos para os possíveis eleitores, sob a forma de favores ou falsas promessas. Evidentemente, o cidadão tem que se conscientizar que as eleições na qual, são escolhidos os representantes do povo, para exercerem o poder em seu nome, é o modo que dispomos para tentar fazer chegar ao poder pessoas que sejam de fato gente séria que não pensem apenas em chegar ao poder para usufruir das muitas vantagens que o poder proporciona. É desta forma, que devemos ir às urnas. Nosso País, será indubitavelmente, decorrência das escolhas certas ou erradas que fizermos.