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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Teatro de Quinta - Por Sidmar Gianette

Neo-Futuristas na casca de noz

Foi por acaso, a partir de um tweet da Nonsense Society (http://twitter.com/nonsensesociety) que entrei em contato com a saga de Layka, a cadelinha russa no espaço e com os New York Neo-Futurists.

É claro que como você, eu também achei o vídeo fofo e engraçado, principalmente se você, como eu, também foi procurar os outros vídeos promo deste trabalho que conta a história da cadelinha Layka abandonada no espaço, à procura de seu cão (porque ela também quer um cão só para ela) e sua interação com as criaturas do espaço. Mas o que também me chamou a atenção foi descobrir que o Ontological Hysteric Theatre ainda vive, associado aos Neo-Futuristas. Para quem não sabe; este grupo, liderado por Richard Foreman, era um dos pilares daquela vanguarda que surgiu no off-off Broadway de NY nas décadas de 70 e 80, ao lado do LaMama, do Performance Group, do Open Theatre, do Bread and Puppet dentre tantos outros que o Gerald Thomas roubou. O teatro Ontológico-Histérico propunha espetáculos performáticos baseados na interação de linguagens e numa postura de derrisão chupada daqueles textos absurdistas de Beckett, Ionesco e Pinter. Ficou como um marco na história recente do teatro pela consolidação na mudança de paradigmas na linguagem teatral pós Living Theatre. O Teatro neste momento se afastava de seus dogmas, abrindo espaço para outras interações que possibilitassem a volta do diálogo com o público contemporâneo. E disso resultou uma adoção da impureza completa dos gêneros artísticos na obra teatral, graças à deus.

Porém, a terceira coisa que me chamou a atenção, além do vídeo ser fofo, além do Onthological Hysteric Theatre ainda existir, foi descobrir esse grupo de Nova Yorquinos fazendo teatro hoje. Os Neo-Futuristas existem desde 1995 em Chicago, mas só se mudaram para NY em 2004. Seu diretor é Greg Allen, e é influenciado desde as vanguardas dadá, surrealistas e futuristas; passando pelos experimentalismos da década de 60 e chegando a esse turbilhão de ideais políticos da cena dos anos 80. Seu primeiro espetáculo propunha apresentar 30 peças em 60 minutos, evidenciando certos ideais futuristas já citados, mas propondo interação com a platéia, e uma abordagem do ator pouco comum e muito útil. Não há diferenciação entre ator e personagem no seu trabalho. Você é no palco quem você é na vida, canta e dança como si mesmo, com sua própria voz, não há caracterização, cenário ou outro tipo de ilusão. As peças são narradas a partir da interação destes atores com os outros e com a platéia, propondo um espaço de discussão em que o mundo atual não é negligenciado, buscando, nas palavras do próprio Allen, “a criação de uma superconsciência de si mesmo e do outro”. O manifesto do Neo-Futurismo (é, isso existe) propõe essa abordagem a partir de quatro pontos: Você é quem você é; você está onde você está; você está fazendo o que está fazendo, e O tempo é agora. Talvez eu tenha ouvido Clash e Sex Pistols demais para ainda me sensibilizar com esse tipo de proposta, mas a naturalidade dos atores, o modo de criação onde todos são criadores, a abertura presente no grupo para que cada um dos componentes expresse seu trabalho, e o tipo de opinião político-social misturada com humor cínico e satírico deste grupelho de artistas me tornaram fã do trabalho. Um dos clipes de que mais gostei foi o de “Neo-Imaginarium”, totalmente singelo sobre pessoas que esperam o porvir, mas estão em dúvida se já chegou. Você pode acessar o site do grupo e ver a proposta completa e até se tornar colaborador e membro em: http://www.nynf.org

Dica de Teatro de Quinta

Betty Faria em “Shirley Valentine” dias 24 e 25 no Santa Isabel

Dica de Teatro mais legal

“Quase Sólidos”, da Trupe de Copas, fazendo ensaio aberto no Apolo esta sexta, estréia em 1º de Maio.

Todo blog tem (este também deve ter) um espaço para comentários. Leitores, seus comentários, críticas, elogios e sugestas são o pão que movem o colunista (fora algumas cervejas na conta de Alex). Comentem.

8 comentários:

  1. Muito bom o texto, sidmar. Bom seria algumas dessas vertentes dando as caras por aqui.
    Betty faria é foda..Quase sólidos.. vou procurar saber!

    valeu.

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  2. Acompanho vocês na hora do pão. Não tomo mais cerveja: dá barriga e não leva ao Reino de Deus.

    Bi.

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  3. Bem que você poderia estar aqui semana que vem, né?

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  4. Alex já querendo me despedir... =P

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  5. Rita, toda quinta vai ter uma dica de teatro de quinta, Betty Faria é só o começo...
    Até tem esse tipo de proposta, basta procurar. O totem tenta aplicar, eu e Biagio tentamos um pouco disso nos nossos espetáculos, é uma face da contemporaneidade. Tou com planos de quando tiver sem assunto falar do Living Theatre e do Zé e o Oficina... a gente se fala.

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  6. Muito legal o vídeo. Betty Faria é dica? Só se for pra eu permanecer em casa...rsrsrs

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  7. Muito legal o vídeo. Betty Faria é dica pra quem? Só se for pra eu permanecer em casa....rsrsrsr.
    =)

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