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segunda-feira, 5 de julho de 2010

A segunda letra - por Giovanna Guterres

FILHA, MÃE, AVÓ E PUTA, a história de uma mulher que decidiu ser prostituta, de GABRIELA LEITE, conta em relato a vida de uma mulher que decidiu fazer a sua própria revolução. Logo na primeira página a autora descreve suas três paixões:

“...adoro homens. Gosto de estar com eles, e não conheço homem feio. Todos são bonitos...”;

“...adoro falar o que penso; ...”;

“... a terceira coisa que eu prezo muito, talvez a que mais prezo, aliás. É a liberdade. Liberdade de pensar diferente, de vestir diferente de se comportar diferente...”

Filha de uma dona de casa conservadora e de um crupiê, Gabriela teve uma vida marcada por acontecimentos conflituosos na infância. Inteligente e articulada ela tinha sede de liberdade. No final da década de 70 durante o regime militar, ela cursava a Faculdade de Sociologia na USP, tinha um emprego em um escritório, e freqüentava círculos da boemia intelectual paulistana. Largou tudo, menos a noite, para trabalhar como prostituta nos anos 70 e 80. Em 1987 ajudou a organizar O PRIMEIRO ENCONTRO NACIONAL DE PROSTITUTAS. Hoje se considera aposentada e se dedica a defender a categoria e a regulamentação da profissão. A ONG Davida, fundada por ela em 1991, pretende promover a cidadania das prostitutas com ações nas áreas de educação, saúde, comunicação e cultura. A grife DASPU inaugurada em 2005 ajuda nesta missão. Ela surgiu para gerar recursos para os projetos da ONG. Desfiles já foram realizados em várias cidades do país e a moda DASPU despertou o interesse internacional. Gabriela optou em ser prostituta por convicção, trabalha pelo reconhecimento da profissão e também pela defesa dos direitos dessas mulheres, como deve ser o comportamento das prostitutas e as maneiras delas se prevenirem de doenças. Até hoje ela prefere ser chamada de prostituta, apesar de não exercer mais a profissão. Critica termos politicamente corretos como profissionais do sexo, por considerar que eles escondem um preconceito. Não há como o leitor não se surpreender com a coragem desta mulher que se dedica há 30 anos a esta causa, tornando-se uma pioneira na construção de um novo olhar para um assunto que sempre causou um pânico moral na sociedade.

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