Visitas

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A segunda letra - por Giovanna Guterres

Eu teria que escrever sobre algo lido ao longo da semana. Sim, li, e muito. Descobri escritos de alguém que parece até que escreveu para mim. Leituras que me fizeram chorar, que me trouxeram uma melancolia incrível, uma saudade de tudo. Ou seja, encontrei um livro de alguém que escreveu tudo que eu ainda não consegui escrever e que talvez nunca consiga. CAIO FERNANDO ABREU, falar sobre ele? Falar de sua genialidade? Falar de sua dor? Falar de sua poesia? Falar da intensidade a qual ele viveu? Falar que talvez o tempo tenha sido cruel com ele, ou que talvez ele soube viver intensamente e devidamente o tempo que lhe foi permitido? Não. Não me sinto competente para analisar tudo que ele escreveu. Resolvi abusar deste espaço para que ele mesmo fale dele. Dar “aos que interessem”, como ele mesmo diria alguns escritos, para mim indescritivelmente sábios, sensíveis ao extremo e de uma perspicácia admirável. Durante a semana escreverei todos os dias um pouco de CAIO, espero que os que conhecem a literatura de CAIO possam emocionar-se como eu, e aos que ainda não o conhecem queiram adentrar na arte de uma criatura linda e apaixonante como ele deve ter sido.
“Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez”. Caio Fernando Abreu
“Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar”.Caio Fernando Abreu
“Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão”. Caio Fernando Abreu
“Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora”. Caio Fernando Abreu
“Não, você não sabe, você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo” Caio Fernando Abreu

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. O modo controvertido,irrequieto e insatisfeito de Caio Fernado Abreu,mostra-nos as nossas futilidades,descaminhos e desilusões,durante a nossa breve passagem pela vida.

    ResponderExcluir